–Eu tenho que sair daqui! –
Gritava En’hain.
–Não tem como a gente sair daqui...
– En’hain olhou para o companheiro de cela.
–Como assim? Eu PRECISO sair
daqui!!!
–Essas paredes são
cristalizadas... Os gnomos constroem essas coisas para sufocar quem quer que
tenha invadido o reino deles.
–Hoje é noite de lua cheia...
–Você é um lobisomem,
esquentadinho?
–... – En’hain se constrangeu por
um instante. – Não, sou coisa pior...
–E o que poderia ser? Nada é pior
durante a lua cheia do que o lobisomem. – O sujeito ria consigo mesmo. – A não
ser que você fosse um...
–...um draconiano. – Completou
En’hain. – Sou o último e maldito draconiano da Terra...
–Isso é impossível! Mesmo que
você fosse um descendente dos draconianos terrestres você precisaria de sangue
real para sobrepor o DNA humano.
–... – En’hain ficou quieto.
–Puta merda... Você conheceu um
dragão da realeza?!
–Sim...
–E você não liberou a energia dos
outros dois dias da lua, não foi?
–Não...
–Fudeu! E o que você pretende
fazer?! Não dá pra simplesmente trincar carbono cristalizado!
–Têm que ter uma falha, eles
sempre deixam uma falha, pedras naturais sempre têm uma falha... – En’hain
procurava loucamente por uma única trinca na cela de diamante, nem que fosse
diminuta.
–Certo... – O sujeito também
começou a procurar. – Ah! A propósito
meu nome é Rankyo.
–Desculpe-me, meu nome é
En’hain... Ai! – Gotas de sangue começavam a escorrer pelos braços dele,
–Você está bem? Você está
sangrando!
–Não se preocupe comigo, é a
minha transformação, ela já começou. Continue procurando pela falha!
–Certo! – Rankyo olhou diversas
vezes por todos os lados. – Tem que ter um jeito melhor procurar de essa
falha... Já sei!
Rankyo colocou as mãos no centro
da cela. Fechou os olhos e se concentrou. Ele começou a emitir sons diferentes
e ouvia atentamente o retorno, como o sonar dos morcegos.
–Vamos, você tem que estar aqui
em algum lugar, vamos apareça... – Rankyo ouviu um estalo. – Achei!
–Onde? – Perguntou En’hain
afoito.
–Bem ali, acima da onde estava a
entrada. Algum gnomo deve ter esquecido na hora em que te colocaram aqui
dentro.
–Certo, pra trás. Elemento TERRA,
fortificação! – En’hain estava acumulando uma grande quantidade de energia
amarela nos punhos.
–Tem certeza de que consegue?
Isso é realmente muito duro.
–Se eu não conseguir, a lua vai
conseguir por mim!
Com os punhos fortificados ao
máximo, En’hain batia naquele ponto em especial pulando para alcançá-lo.
Acertou uma, duas, três vezes. Enquanto batia o processo de sua transformação
se acelerava. Sua pele já estava bem escoriada e seus espinhos já estavam bem despontados.
Já dava para ver o vermelho de seu olho esquerdo. En’hain não desistiu, seu
sangue e suor voavam com seus golpes, mas ele não esmoreceu, continuou juntando
energia do elemento TERRA e continua a socar aquele único ponto que talvez se
rompesse. Então sentiu um mal estar, ficou de joelhos e acabou por cuspir
sangue no chão. Limpou a boca e gritou:
–Isso tem que dar certo! – Reuniu
toda a energia no punho direito e socou com toda a força.
A cela de diamante inteira
estremeceu... e nada aconteceu.
–Ah, DROGA!!! – Gritou novamente,
socando dessa vez o chão com a mão nua.
–En’hain, olhe! – Rankyo apontou
para uma rachadura que estava se formando, depois outra e mais outra. A parede
de diamante sucumbiu a sua própria fraqueza, sua única fraqueza e rachou,
pouco, mas o suficiente para que os dois pudessem sair da cela. En’hain sorriu.
–Vamos sair daqui! Daqui a pouco
deve ser meia noit... – Rankyo olhou para En’hain, ele havia desmaiado. –
Merda! En’hain!
Não teve outro jeito, Rankyo teve
de arrastá-lo para fora da cela. Com En’hain nos corredores, Rankyo já
conseguiria usar seus poderes elementais do ar:
–Silfos, ouçam meu apelo, eu vos
invoco! – Diversos pontinhos brancos começaram a parecer no ar, às dezenas, centenas
e milhares. – Por favor, leve-nos para fora daqui!
Os serezinhos se amontoaram ao
redor de Rankyo e En’hain, esvoaçando-os como se fossem plumas ao vento e com
grande velocidade saíram do calabouço dos gnomos, flutuando por todo o reino
subterrâneo mineral, passando pelos grandes labirintos e chegando ao fundo do
poço profundo, a entrado dos reinos subterrâneos. Rankyo parou por ali e os
silfos continuaram levando En’hain para fora do subterrâneo. Saíram do poço e
continuaram subindo alto no céu, subindo, subindo, subindo em direção a luz da
lua. En’hain começou a ficar vermelho, amarelo e finalmente branco. Brilhava
como uma estrela no céu e toda aquela energia acumulada em seu corpo explodiu,
irradiando como várias estrelas cadentes, um verdadeiro show de luzes. Os
humanos que viram aquilo, naquela noite, pensaram ser uma simples leva de
meteoros. En’hain também acabou por ir ao chão como uma estrela cadente,
inevitavelmente os silfos foram espalhadas na explosão de energia. Porém, antes
de chegar ao chão, Rankyo estava pronto com um redemoinho para amortecer sua
queda. Foi um alívio e En’hain não despertou nenhum único segundo.
De repente uma figura estranha se
aproximou dos dois:
–Eu fico com ele...
–E quem é você? – Rankyo olhou
aquele homem de cima abaixo que se escondia nas sombras da noite e percebeu
algo em seu olhar. – Esses olhos... Você é o draconiano da realeza!
–... – O estranho fez um sinal de
silêncio com as mãos.
–Mas, hein?! – Rankyo se sentiu
sonolento e dormiu.
–Silfos, levem seu príncipe de
volta ao seu reino. Eu cuido do meu criado.
Os silfos envolveram Rankyo assim
como o estranho disse. Seu poder Elemental sobre eles era maior do que o de
Rankyo... Príncipe do reino subterrâneo do ar?!
...
De volta a
Toca dos Gatos, En’hain estava em sua cama, enfaixado, como de costume e estava
acordando:
–Ran...
Ran... Rankyo! – Acordou no susto. – Ah, minha cabeça, o que foi que aconteceu?
–Você
passou pela sua primeira lua cheia do ano do dragão, só isso.
–Meu
Senhor! Você por aqui?
–Surpreso
em me ver, En’hain?
–Sim! –
Indignou-se ele. – Você me deixa cuidando desse bar maluco sem dar nenhum sinal
de vida e ainda quer que eu não fique surpreso?
–En’hain,
descanse, sim? – Ele ficou vermelho ao ouvir isso.
–É bom que
você esteja aqui quando eu acordar! – En’hain virou-se na cama e cobriu todo o
rosto. – Ouviu?!
–Sim, agora
vá dormir, por favor.
O dono do
bar saiu e fechou a porta.
–Filho da
mãe, eu acabo em encrenca e ele aparece do nada todo calmo da vida...
–En’hain! –
Gritou o dono dobar do lado de fora.
–Droga! – E
foi dormir...
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