segunda-feira, 28 de maio de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - Os Caçadores Sombrios


Kullat contra Alvora, a Musa da Guerra – 2ª parte
Informe do Multiverso



Começando transmissão...

            O coração batia forte, dava para ouvir as batidas, era preciso muito sangue frio. Kullat se aproximou de Alvora, decidido a extrair as informações. Usou sua levitação uns poucos centímetros do chão para que seus passos na acordassem aquela mulher. Se ela acordasse, um monstro vil como aquele não teria piedade. Kullat pensou na primeira pergunta:
            –O que os Caçadores Sombrios querem? – A musa continuava gemendo e por algum tempo, não ouve resposta.
            –Ah... Os... Caçadores... Querem... A... Chave... Oh... – Alvora permanecia flutuando em pleno ar, intercalando gemidos com palavras.
            –Que chave é essa?
            –Essa... Uhn... Chave... É... A... Vida... – Kullat transpirava.
            –O que essa chave abre?
            –As... Portas... Inversas... Oh... Uhn...
            –E onde estão as portas?
            –As... Portas... Estão... Reunidas... Ah... – Kullat pensou na melhor pergunta que poderia fazer naquele momento.
            –Quem é o mestre dos Caçadores Sombrios?
            –O... Ah... Oh... Ébano...
            –Onde está Ébano?
            –Ele... Fala... Uhn... Por... Nopporn...
            Vibrações sombrias começaram a emergia da musa. O multibiólogo gritou que ela estava prestes a acordar, era melhor que eles saíssem naquele momento. Mas era tarde demais, Alvora despertava. Kullat se afastou rapidamente da deusa e preparou se para o pior. Concentrou sua maru branca e pronunciou um encanto novo que havia aprendido recentemente, fazendo emergir de sua capa sua maior arma, o novo cajado de Jord. Seu poder fazia emergir uma grande quantidade de maru mágica de Kullat que brilhava intensamente, fazendo seus olhos brilharem. Alvora tinha saído completamente do transe:
            –Quem ousa chegar perto de mim, seres imundos, pronunciem seus nomes, eu exijo saber! – Sua voz era irritante e alta, sua posição no ar ainda continuava, mas se movimentava com mais frequência.
            –Meu nome é Kullat, cavaleiro e Senhor de Castelo de Oririn, o planeta que acaba de destruir...
            –Sou Azio, autômato de Binal. – Azio também estava certo daquela luta.
            –Sou Ydra, multibiólogo e Senhor de Castelo do planeta Genni.
            –Sou Átimos, ultraquímico e Senhor de Castelo do planeta Acinki. – Os Senhores de Castelo, seguindo Azio, também estavam certos da batalha.
            –Hun... Sinto uma aura de decisão vinda de vocês. Quando eu os massacrar vai ser adorável. Hahaha... – Com uma risada alta, a deusa concentrou grande quantidade de maru rubra que insurgia pelo chão, gerando vários pontos fixos ao redor dela.
            Os olhos dela se modificaram, sendo preenchidos pelo vermelho sangue. Na sua pele apareciam desenhos vermelhos e cintilantes que convergiam para os olhos. Alvora lançou seu primeiro ataque:
            –Chuva da desgraça! – Diversas esferas de energia voavam em questão de segundos destruindo completamente o lugar.
            A fumaça e poeira voavam alto, impedindo a visibilidade. O que não evitou os adversários de Alvora de contra atacar:
            –Voem vespas das sombras... – Ydra foi o primeiro a atacar, liberando de um pequeno livro onde coletava diversos seres do multiverso, um enxame microscópico escurecido.
            Em seguida foi Átimos, lançando granadas que ele mesmo preparava, contendo o rótulo: Nº1 – alto poder explosivo. Azio também emitiu seu ataque, investindo contra a musa dois canhões de laser. Kullat se concentrava em estado de meditação, usar o novo cajado de Jord requeria grande quantidade de energia e utilizou somente o necessário para criar uma barreira para diminuir a ofensiva de Alvora. Depois da neblina se dispersar, já dava para ver os guerreiros e seus escudos. Ydra usava uma carapaça de escaravelho mágico gigante, um ser raríssimo, encontrado em uma das poucas, mas densas, florestas do quarto quadrante; Átimos tinha em seus braços dois tipos diferentes de escudo, um grande e pesado, feito de diamante e outro menor, do tamanho do pulso, capaz de desviar gravitacionalmente algo de seu curso; e Azio, por sua vez, tinha sido atualizado com um poderoso escudo desenvolvido nos laboratórios da ilha de Ev’ve. O esforço conjunto para deter o ataque teve sucesso, apesar da violência que ruiu a estrutura do castelo, os guerreiros não foram atingidos.
            Alvora se sentiu satisfeita:
            –Que ótimo! Seus poderes de defesa parecem ser eficientes... É uma ótima oportunidade para que eu os deixe empalados no meu cemitério carmim da loucura! – A musa abriu os braços até a parte posterior do corpo e lançou-os para frente, evitando os ataques com um escudo feito com o tecido de sua roupa que endureceu e também absorveu energia.
            Subitamente, todo o castelo começou a tremer, fazendo cair mais pedaços de suas ruínas. Kullat fez alguns movimentos com as mãos:
            –Pra fora, agora! – Um grande fluxo de maru envolveu os quatro como uma onda, levando-os para o exterior do castelo.
            Do chão ao redor de Alvora, começaram a brotar finas torres de algum material desconhecido. Eram várias, emergiam com rapidez e sua altura alcançava o teto de dez metros do salão principal. O castelo sede da Ordem dos Senhores de Castelo no planeta Oririn terminou de vir abaixo. Kullat olhou para trás por um segundo, dando adeus ao lugar que mais adorava em Oririn e também para checar se Alvora os seguia. Sua intuição aguçada dizia que sim e logo Alvora, parecendo uma estrela escarlate, alçou vôo para o alto, lançando um último ataque:
            –Estrela da devastação!!! – Com as mãos para o alto, uma esfera gigante de maru rubra se formava, lançando-a, o ataque causava grande devastação.
            Kullat, no impulso de proteger os outros, enviou-os numa esfera azul para o navio boreal:
            –Partam logo, eu irei atrás de vocês! – Eles tentaram reclamar, mas não conseguiam ser ouvidos naquela distância.
            –Por Khrommer!!! – Uma imagem gigantesca de maru se formava como um ser humanóide, com forma de guerreiro, que sobrepujou a esfera de Alvora.
            A musa da guerra estava admirada, de todos as guerras que já havia incutido em humanos, monstros, demônios e deuses, nunca viu tamanho poder ser liberado contra ela. Não teve dúvida, chamou o segundo Caçador que estava em Oririn:
            –Lux!!! Venha, tenho um ótimo adversário para nós!!! – A voz da deusa repercutia sobre todo o planeta.
            Uma segunda estrela viajava no céu em grande velocidade e parou ao lado de Alvora. Kullat sentia o poder de maru dourada, se ele estiver certo, este Caçador possui o poder de uma estrela:
            –Onde ele está?! – Também se podia ouvir a voz daquele ser em chamas repercutir por quilômetros.
            –Veja! O guerreiro lá embaixo! – Alvora apontava para o guerreiro formado por maru branca.
            –Interessante, não vou castigá-la por me incomodar desta vez! – A musa gargalhava alto com tanta emoção.
            –Vamos unir nossa forças? – Sugeriu Alvora, excitada.
            –Sim... Não há mais nada que fazer neste planeta. Vamos destruí-lo de uma vez!
            Os dois começaram a entoar um cântico antigo e inaudível, enquanto giravam no alto do céu como estrelas gêmeas. O seu brilho era alaranjado e intenso. Com os poderes da desgraça e da fusão atômica juntos, o feitiço antigo foi liberado:
            –Sinfonia do Caos!!! – Cantaram os dois no clímax final do cântico.
            Oririn toda tremia com erupções em centenas de lugares do planeta. O ser gigante criado por Kullat se desfez no meio da onda de caos e por fim o planeta se desfez, simplesmente, voltando à poeira da qual havia sido formado.

...

Nos mares boreais, os Senhores de Castelo e o autômato se preocupavam com Kullat:
–Ele está vindo. – Disse Azio.
–Será?! – Perguntou Ydra olhando para o fluxo que levava para Oririn.
–Estou sentindo um deslocamento...
Naquele momento, Kullat apareceu. Primeiro sua capa e em seguida ele, caindo no convés, muito exausto.
–Kullat! Mestre! – Diziam os Senhores de Castelo enquanto Azio piscava os olhos em azul, demonstrando alguma calma e alívio.
–Os códices, onde estão os códices? – Kullat estava preocupado com o cumprimento da missão.
–Não se preocupe, estão no navio. – Dizia Azio. – Conforme você tinha dito aos castelares, eles vieram direto para o navio, completamente em segurança.
Kullat relaxou e acabou dormindo. Talvez lhe ocorresse algum pesadelo, mas estava certo do que tinha que fazer para superar o medo que lhe ocorria.
...

            Mais tarde, Thagir entrou em transmissão pelo rádio, que não estava recebendo muito bem os sinais:
            –Reforços! (chiado) Esses desgr... (chiado) Eles levaram... (chiado) Não pude detê-los a tempo de... (chiado)

...

Transmissão encerrada...

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