Kullat contra Alvora,
a Musa da Guerra – 2ª parte
Informe do Multiverso
Começando transmissão...
O coração
batia forte, dava para ouvir as batidas, era preciso muito sangue frio. Kullat
se aproximou de Alvora, decidido a extrair as informações. Usou sua levitação
uns poucos centímetros do chão para que seus passos na acordassem aquela mulher.
Se ela acordasse, um monstro vil como aquele não teria piedade. Kullat pensou
na primeira pergunta:
–O que os
Caçadores Sombrios querem? – A musa continuava gemendo e por algum tempo, não
ouve resposta.
–Ah...
Os... Caçadores... Querem... A... Chave... Oh... – Alvora permanecia flutuando
em pleno ar, intercalando gemidos com palavras.
–Que chave
é essa?
–Essa... Uhn...
Chave... É... A... Vida... – Kullat transpirava.
–O que essa
chave abre?
–As...
Portas... Inversas... Oh... Uhn...
–E onde
estão as portas?
–As...
Portas... Estão... Reunidas... Ah... – Kullat pensou na melhor pergunta que
poderia fazer naquele momento.
–Quem é o
mestre dos Caçadores Sombrios?
–O... Ah...
Oh... Ébano...
–Onde está
Ébano?
–Ele...
Fala... Uhn... Por... Nopporn...
Vibrações
sombrias começaram a emergia da musa. O multibiólogo gritou que ela estava
prestes a acordar, era melhor que eles saíssem naquele momento. Mas era tarde
demais, Alvora despertava. Kullat se afastou rapidamente da deusa e preparou se
para o pior. Concentrou sua maru branca e pronunciou um encanto novo que havia
aprendido recentemente, fazendo emergir de sua capa sua maior arma, o novo cajado
de Jord. Seu poder fazia emergir uma grande quantidade de maru mágica de Kullat
que brilhava intensamente, fazendo seus olhos brilharem. Alvora tinha saído
completamente do transe:
–Quem ousa
chegar perto de mim, seres imundos, pronunciem seus nomes, eu exijo saber! –
Sua voz era irritante e alta, sua posição no ar ainda continuava, mas se
movimentava com mais frequência.
–Meu nome é
Kullat, cavaleiro e Senhor de Castelo de Oririn, o planeta que acaba de
destruir...
–Sou Azio,
autômato de Binal. – Azio também estava certo daquela luta.
–Sou Ydra,
multibiólogo e Senhor de Castelo do planeta Genni.
–Sou
Átimos, ultraquímico e Senhor de Castelo do planeta Acinki. – Os Senhores de
Castelo, seguindo Azio, também estavam certos da batalha.
–Hun...
Sinto uma aura de decisão vinda de vocês. Quando eu os massacrar vai ser adorável.
Hahaha... – Com uma risada alta, a deusa concentrou grande quantidade de maru
rubra que insurgia pelo chão, gerando vários pontos fixos ao redor dela.
Os olhos
dela se modificaram, sendo preenchidos pelo vermelho sangue. Na sua pele
apareciam desenhos vermelhos e cintilantes que convergiam para os olhos. Alvora
lançou seu primeiro ataque:
–Chuva da
desgraça! – Diversas esferas de energia voavam em questão de segundos
destruindo completamente o lugar.
A fumaça e
poeira voavam alto, impedindo a visibilidade. O que não evitou os adversários
de Alvora de contra atacar:
–Voem
vespas das sombras... – Ydra foi o primeiro a atacar, liberando de um pequeno
livro onde coletava diversos seres do multiverso, um enxame microscópico
escurecido.
Em seguida
foi Átimos, lançando granadas que ele mesmo preparava, contendo o rótulo: Nº1 –
alto poder explosivo. Azio também emitiu seu ataque, investindo contra a musa
dois canhões de laser. Kullat se concentrava em estado de meditação, usar o
novo cajado de Jord requeria grande quantidade de energia e utilizou somente o
necessário para criar uma barreira para diminuir a ofensiva de Alvora. Depois
da neblina se dispersar, já dava para ver os guerreiros e seus escudos. Ydra
usava uma carapaça de escaravelho mágico gigante, um ser raríssimo, encontrado
em uma das poucas, mas densas, florestas do quarto quadrante; Átimos tinha em
seus braços dois tipos diferentes de escudo, um grande e pesado, feito de
diamante e outro menor, do tamanho do pulso, capaz de desviar
gravitacionalmente algo de seu curso; e Azio, por sua vez, tinha sido
atualizado com um poderoso escudo desenvolvido nos laboratórios da ilha de
Ev’ve. O esforço conjunto para deter o ataque teve sucesso, apesar da violência
que ruiu a estrutura do castelo, os guerreiros não foram atingidos.
Alvora se
sentiu satisfeita:
–Que ótimo!
Seus poderes de defesa parecem ser eficientes... É uma ótima oportunidade para
que eu os deixe empalados no meu cemitério carmim da loucura! – A musa abriu os
braços até a parte posterior do corpo e lançou-os para frente, evitando os
ataques com um escudo feito com o tecido de sua roupa que endureceu e também
absorveu energia.
Subitamente,
todo o castelo começou a tremer, fazendo cair mais pedaços de suas ruínas.
Kullat fez alguns movimentos com as mãos:
–Pra fora,
agora! – Um grande fluxo de maru envolveu os quatro como uma onda, levando-os
para o exterior do castelo.
Do chão ao
redor de Alvora, começaram a brotar finas torres de algum material
desconhecido. Eram várias, emergiam com rapidez e sua altura alcançava o teto
de dez metros do salão principal. O castelo sede da Ordem dos Senhores de
Castelo no planeta Oririn terminou de vir abaixo. Kullat olhou para trás por um
segundo, dando adeus ao lugar que mais adorava em Oririn e também para checar
se Alvora os seguia. Sua intuição aguçada dizia que sim e logo Alvora,
parecendo uma estrela escarlate, alçou vôo para o alto, lançando um último
ataque:
–Estrela da
devastação!!! – Com as mãos para o alto, uma esfera gigante de maru rubra se
formava, lançando-a, o ataque causava grande devastação.
Kullat, no
impulso de proteger os outros, enviou-os numa esfera azul para o navio boreal:
–Partam
logo, eu irei atrás de vocês! – Eles tentaram reclamar, mas não conseguiam ser
ouvidos naquela distância.
–Por Khrommer!!!
– Uma imagem gigantesca de maru se formava como um ser humanóide, com
forma de guerreiro, que sobrepujou a esfera de Alvora.
A musa da
guerra estava admirada, de todos as guerras que já havia incutido em humanos,
monstros, demônios e deuses, nunca viu tamanho poder ser liberado contra ela.
Não teve dúvida, chamou o segundo Caçador que estava em Oririn:
–Lux!!!
Venha, tenho um ótimo adversário para nós!!! – A voz da deusa repercutia sobre
todo o planeta.
Uma segunda
estrela viajava no céu em grande velocidade e parou ao lado de Alvora. Kullat
sentia o poder de maru dourada, se ele estiver certo, este Caçador possui o
poder de uma estrela:
–Onde ele
está?! – Também se podia ouvir a voz daquele ser em chamas repercutir por
quilômetros.
–Veja! O
guerreiro lá embaixo! – Alvora apontava para o guerreiro formado por maru
branca.
–Interessante,
não vou castigá-la por me incomodar desta vez! – A musa gargalhava alto com
tanta emoção.
–Vamos unir
nossa forças? – Sugeriu Alvora, excitada.
–Sim... Não
há mais nada que fazer neste planeta. Vamos destruí-lo de uma vez!
Os dois
começaram a entoar um cântico antigo e inaudível, enquanto giravam no alto do
céu como estrelas gêmeas. O seu brilho era alaranjado e intenso. Com os poderes
da desgraça e da fusão atômica juntos, o feitiço antigo foi liberado:
–Sinfonia
do Caos!!! – Cantaram os dois no clímax final do cântico.
Oririn toda
tremia com erupções em centenas de lugares do planeta. O ser gigante criado por
Kullat se desfez no meio da onda de caos e por fim o planeta se desfez,
simplesmente, voltando à poeira da qual havia sido formado.
...
Nos mares boreais, os Senhores de
Castelo e o autômato se preocupavam com Kullat:
–Ele está vindo. – Disse Azio.
–Será?! – Perguntou Ydra olhando
para o fluxo que levava para Oririn.
–Estou sentindo um
deslocamento...
Naquele momento, Kullat apareceu.
Primeiro sua capa e em seguida ele, caindo no convés, muito exausto.
–Kullat! Mestre! – Diziam os
Senhores de Castelo enquanto Azio piscava os olhos em azul, demonstrando alguma
calma e alívio.
–Os códices, onde estão os
códices? – Kullat estava preocupado com o cumprimento da missão.
–Não se preocupe, estão no navio.
– Dizia Azio. – Conforme você tinha dito aos castelares, eles vieram direto
para o navio, completamente em segurança.
Kullat relaxou e acabou dormindo.
Talvez lhe ocorresse algum pesadelo, mas estava certo do que tinha que fazer
para superar o medo que lhe ocorria.
...
Mais tarde,
Thagir entrou em transmissão pelo rádio, que não estava recebendo muito bem os
sinais:
–Reforços!
(chiado) Esses desgr... (chiado) Eles levaram... (chiado) Não pude detê-los a
tempo de... (chiado)
...
Transmissão encerrada...
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