terça-feira, 23 de outubro de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - O Fim do Fim - Capítulo 35


Contra Máquinas e Monstros

 

            “Eu não espero ser feliz, isso seria besteira. Espero apenas garantir que o meu irmãozinho tenha um futuro, onde possa escolher ser feliz” – Vaik, o intrometido.
...

            A insígnia do parafuso reluzia no peito metálico dos grandes maquinários. Suas engrenagens faziam barulhos ensurdecedores e frenéticos. Todo o equipamento funcionava com força e poder. A furadeira fazia um som agudo e o processador calculava os alvos com precisão – programado para acertos críticos. Máquinas não têm sentimentos, seus ataques são precisos e mortais. Seres de carne são fracos perante sua magnitude engenhosa.
            Os dopelgangers se amontoavam aos montes, copiando perfeitamente os Senhores de Castelo. Sua aparência era assombrosa, não por simplesmente serem iguais de aparência, mas por serem cópias fiéis até nos trejeitos e nos olhares. Grupos de cinco se organizavam impecáveis para atacar, demonstrando uma grande experiência em batalha. Castelares melhorados, isso era o que eles eram! Entre máquinas e monstros, não havia por onde fugir!

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            – Ele deve estar por aqui... Ele tem de estar... – dizia Ferus.

...

            – Eu cuido das máquinas! – gritou Dimios. – Elas são sensíveis a ataques elétricos de alta voltagem. Westem, Iksio... Tentem dar conta dos dopelgangers! Pilares... Mantenha Nerítico vivo, custe o que custar! Prove que você é o verdadeiro!
            – Dimios... – Iksio tentou falar.
            – ISSO É UMA ORDEM!!!
            – Roger... – disseram os três, dando sinal de que entenderam o recado.
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            – Miserável... Onde ele está? Já sei! Vou subir nos prédios! – Ferus mirou o cilindro para cima e atirou um gancho que foi até o topo do prédio mais próximo. – Consegui!
...
            Dimios voava de um maquinário a outro, torrando seus circuitos com descargas elétricas ou usando a Garra para arrancar o rastreador deles à força. Westem, com sua força bruta, dava socos e chutes nas cópias dos castelares que se desmanchavam em pleno ar. Iksio marcava tantos dopelgangers quanto podia com a palavra: “Incinerar”! Que rapidamente consumia os seus corpos em chamas abrasivas.
            O ziniano, conforme ia atacando, se sujava com o diesel preto da legião parafuso. Seus equipamentos pesados tinham grande força, um erro e ele cairia no chão, morto. Dimios era rápido, seus reflexos podiam prever com facilidade o momento em que os maquinários tentariam acertá-lo. Eram muitas máquinas, isso dava vantagem a ele.
            Os dopelgangers, por outro lado, eram mais difíceis, pois conheciam o íntimo dos castelares que lutavam sozinhos contra eles e logo neutralizaram a força de Westem, prendendo-o com cordas mágicas, e o poder da escrita de Iksio com uma contra escrita que anulava as intenções do arthuano. Isso não era bom.
            Pilares permanecia na retaguarda, guardando o amigo com suas facas afiadas:
            – Eu vou te proteger amigo... – o assaltante sentiu uma fisgada no ombro. Uma lâmina afiada cortara a sua pele. – Custe o que custar!
            Ele tirou a bandana da cabeça e amarrou no ombro que sangrava. Concentrou-se com as palmas das mãos juntas e abriu o terceiro olho. Focalizou a mente nas suas facas e nas facas que lhe eram atiradas desviando-as dos alvos. Ele tinha total controle sobre todas elas, atacando os dopelgangers:
            – Ventania cortante...
            Com isso ele libertou Westem das cordas e cortou os dedos das cópias de Iksio, impedindo-os de usarem a contra-escrita.
            Dimios permanecia frenético ao atacar as máquinas, o diesel escorria sem parar quando os cabos eram cortados e inutilizavam aquelas armas. A legião tentava se auto-reparar, girando as furadeiras, rodando os atiradores de pregos, fazendo os motores das motosserras funcionarem... tudo completamente inútil! A ascensão do ziniano sobre a legião era certa.
            A grande quantidade de diesel poderia queimar a todos e isso preocupava a ele. Foi então que uma cópia dele mesmo intensificou a carga elétrica da sua cópia da Garra de Sartel e acendeu todo o líquido preto e viscoso. A chama se alastrava e fazia alguns maquinários explodirem. Isso alertou Dimios, mas era tarde, uma máquina atirou uma rede metálica com ganchos que o fixou no chão, sem que ele pudesse levantar. Estava preso e o fogo devorava sem piedade o que estava encharcado de diesel.
            Pilares não deixou que o pior acontecesse e enviou as suas facas para rompem a rede. Ela não seria fácil de ser partida e redobrou a intensidade do pensamento sobre as lâminas. Aproveitou também para usar a corda mágica de Westem que se esticou até Dimios e o enrolou, tirando-o a tempo do perigo iminente. Era um pequeno alívio naquele momento de tensão. Porém, as chamas os cercaram e logo o calor intenso faria o trabalho da legião parafuso e dos dopelgangers.
            – Iksio! Rápido, tire Nerítico do estado B.O.B! Ele sabe o que fazer com essas chamas!
            O arthuano já se sentia ressecar com o aquecimento rápido e talvez não conseguisse penetrar na mente do ultraquímico. Ele permaneceu concentrado e escreveu na testa de Nerítico: “Acordar”! Iksio arfava e se mantinha no foco. O tempo urgia e nada dele acordar. Dimios tentava invocar o poder da água com algumas palavras místicas, sem sucesso. O ar estava muito seco e o diesel que escorria se aproximava mais deles. No meio da crepitação, a risada de um louco que despejava mais diesel podia ser ouvida. O calor se intensificava demais e mantinha os Senhores de Castelo acuados. Pilares teve uma ideia:
            – Iksio! Escreva “Darla” ao invés de “Acordar”!
            – Não vejo como isso poderia ser...
            – Não discuta comigo! Escreva! – o assaltante se concentrou, tentando deter as chamas como podia, apesar de sua influência ser maior sobre as facas.
            O multibiólogo precisou de uns instantes para se lembrar como se escrevia aquele som e finalmente desenhou aquele nome na testa do ultraquímico. Dimios se esquivava das chamas e quase pegou fogo, Westem o pegara com os longos braços, erguendo-o do chão.
            – PRENDAM A RESPIRAÇÃO E PROTEJAM-SE! – gritou Nerítico que acordara do estado B.O.B. e atirou várias granadas de rótulo Nº3 no fogo que explodiram aumentando sem precedentes aquele incêndio. Westem abraçou Dimios para evitar que o fogo o atingisse.
            Os Senhores de Castelo ficaram sufocados com a falta de ar, mas a seguir puderam respirar normalmente depois que o ultraquímico liberou algumas granadas de fumaça com ar respirável assim que o incêndio se foi. Todo o oxigênio havia sido consumido e o fogo não continuaria. Nerítico se virou para o parceiro que permanecia em estado meditativo e lhe deu um soco:
            – Porque você fez isso?!
            – Eu tinha que proteger você...
            – Algum problema? – perguntou Dimios que tentava se limpar do combustível.
            – Nenhum! Ele acabou de se matar, só isso!
            – Desculpe...
            – Não... – disse Iksio com firmeza. – Você provou ser o verdadeiro Pilares... Eu é que lhe devo desculpas.
            O terceiro olho do teslarniano ficou iluminado e brilhante. Ele começou a tremer, caiu no chão. A luz se tornou liquida e verteu dos três olhos.
            – Adeus parceiro... – Nerítico chorava, sabia que era a última vez que veria o amigo.
            Pilares deu um último suspiro e explodiu. O ultraquímico ficou abismado, realmente surpreso, acompanhados dos outros Senhores de Castelo:
            – Nerítico? – perguntou Dimios.
            – Nerítico? – perguntou Iksio.
            – Nerítico? – perguntou Westem.
            – Sim... Temo que tudo isso que aconteceu aqui... – o ultraquímico prostrou-se de joelhos diante de uma gosma branca. – Era um dopelganger...
 
 
...

 

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