Rubber
“Não há limites para
a Irmandade Cósmica!” – lema altariano.
...
– Ótimo
Croaton, você conseguiu o que eu precisava! – Iksio cuspia uma gosma negra aos
montes, convulsionando.
– Iksio! –
gritava Pilares batendo forte no vidro.
Terminando
de sugar todo o conteúdo negro que foi extraído do arthuano, o Ilusionista se
dirigiu ao cilindro de suporte de vida com o assaltante dentro.
– Agora é a
sua vez!
– Fique
longe de mim coisa asquerosa!
– Oh! Assim
você fere os meus sentimentos... – Rubber sorriu com malicia, estava sendo
sarcástico. – Não serei mais uma coisa depois que tomar o seu corpo para mim!
O altariano
tomou uma forma mais liquida e subiu pelo vidro inclinado até o topo onde havia
uma fissura proposital, preenchendo todo o interior. O teslarniano berrava
desesperado e silenciou.
–
Pilares... – disse o multibiólogo, completamente sem forças, perdendo a
consciência em seguida.
...
– Irmão...
Como vamos sair daqui? – perguntou Elians, o mais novo.
– Sairemos
na hora certa... – respondeu Vaik, o mais velho.
...
– Como
podemos atravessar esse controlador do tempo? – perguntou Dimios.
– Podemos
direcionar a eletricidade para um foco enquanto vamos pelo outro lado –
respondeu Nerítico.
– Eu cuido
disso...
– Não! Seu
corpo não vai aguentar tanta voltagem elétrica!
– ... – seu
olhar era sério e decidido. – É agora ou nunca...
– Esqueça!
Já não tenho mais armamento e a sua garra é a única arma que pode ser realmente
eficiente contra os altarianos! Eu vou!
–
Cuidado!!! – gritou Westem vendo algo vindo da Cidade Baixa.
Os Senhores
de Castelo se protegeram da explosão enquanto olhavam pasmos para uma das
máquinas da legião parafuso que caíra certeiramente sobre o Haarp.
– Quem fez
isso? – perguntou o ultraquímico.
– Só tem
uma pessoa para fazer isso enquanto todos nós estamos aqui... – disse Dimios
com o olhar fixo naquele lugar destruído e desativado. As nuvens constantes
começavam a se dissipar.
– Ferus! –
disseram Nerítico e Westem.
– Alguém
disse o meu nome?
Os dois
castelares que estavam surpresos foram ao seu encontro. O armeiro havia subido
os edifícios da Cidade Alta pelo lado de fora. Chegando ao topo, os Senhores de
Castelo viram ele montado no Monstro de Lixo.
– Como
você... – Westem estava pasmo com aquela criatura inorgânica que obedecia ao
curanaaniano.
– Ele não é
hostil. Na verdade, ele é bem dócil.
– Então foi
assim que você fugiu? – perguntou Nerítico, inquirindo, mas cheio de animação.
– Foi...
Acho que tenho uma conexão com ele. Posso sentir seus pensamentos fluindo junto
com os meus. Aliás, ele não é um animal... Posso ver claramente, quem enviou
aquela mensagem à Ordem dos Senhores de Castelo foi ele, o rei do planeta sem
nome!
– Como
assim? Já são mais de três mil anos que aquele rei existiu! – indagou o ultraquímico
com seu ceticismo científico.
– Eu não
sei como... – Ferus descia do monstro de lixo. – Só sei que ele adquiriu uma
nova forma e agora ele pode viver milhares de anos, só precisando trocar as
peças velhas e gastas. Não é garotão! – o monstro, que parecia um cavalo
gigante, virou o pescoço como que consentindo com as palavras do armeiro que
sorria de volta.
Dimios
permanecia na mesma posição, com o cilindro de armeiro nas costas. Naquele meio
tempo, Rigaht e Nina haviam desaparecido. Ferus virou-se para a borda da
plataforma, pegou um pequeno aparelho e pôs na frente da boca, ampliando a sua
voz.
– A CIDADE
ALTA É NOSSA!!!
Uma
quantidade incerta de pessoas, talvez um milhar ou dois, bradou em resposta. E
continuou:
– ESPEREM
PELO MEU CHAMADO E IREMOS PARTIR DESTE PLANETA EM ALGUMAS HORAS! ENQUANTO ISSO,
ADMIREM O CÉU ESTRELADO!
Com o tempo
finalmente livre, a brisa soprou, o vento sacudiu, tudo ficou agitado. As
nuvens se dissiparam e o sol daquele sistema estava se pondo no horizonte. Em
poucos minutos a neblina que cegava a visão de todos deixava despontar os
pontos brilhantes no céu. Além desse respiro mágico, três luas que brilhavam
tímidas em cores alaranjadas, amareladas e azuladas, respectivamente, apareciam
naquela noite. A ínfima quantidade de pessoas, de seres vivos e sapientes que
puderam se juntar a Ferus, a Dinha, a Toshi e a Esmal ficaram emocionados, o
sonho não havia acabado, ainda havia a possibilidade de se sentir livre e feliz
graças às máquinas recuperadas do lixo.
Acabando
com o pequeno discurso, o armeiro virou-se para os amigos:
– Ahn...
Vou perguntar logo de uma vez, onde está o meu cilindro?
– Com
Dimios, ele não largou dele desde que você desapareceu...
Ferus olhou
para Dimios que mantinha a posição, de costa para todos. O jovem caminhou até
ele, meio temeroso e preocupado com o que poderia ser dito. Chegou ao lado do
guerreiro pelo lado do braço metálico e fez menção de falar alguma coisa.
Dimios levantou a Garra de Sartel se posicionando para atacar, ainda com o
olhar vidrado. Correu em disparada na direção do laboratório que ficava mais
próximo da estação de controle do tempo. Uma luz forte saiu de dentro do
laboratório e acertou o ziniano em cheio. Tudo em poucos segundos:
– Dimios! –
gritou Ferus.
Um ruído
forte de estalos foi surgindo e aumentando, tornando-se por fim uma gargalhada
ensandecida:
–
Hahahahahaha... – a luz voou pousando acima do laboratório, que ficava de
frente a coluna de sustentação que se erguia para além da Cidade Alta. –
Parabéns! Senhores de Castelo! Por terem chegado até aqui, por terem conseguido
sobreviver aos homúnculos de Tálio, por terem sobrevivido às máquinas da Legião
Parafuso... Parabéns! Vocês me deram tudo o que eu precisava para renovar o meu
corpo, tudo o que eu precisava para voltar a Cidade Aérea! Mas antes, como
vocês vieram diretamente a mim, vou brincar com vocês! Vocês vieram diretamente
para a boca do monstro! HAHAHAHAHAHAHAH...
– E agora?
– Se perguntou Nerítico, vendo aquele ser brilhante. – Ele está com o corpo de Pilares!
Ferus se
aproximou:
– Pilares é
um homem santo de Teslar, não é?
O
ultraquímico consentiu contando a história que ajudara a esconder de todos:
– Os poderes de um teslarniano
que nasce sobre o poder da grande estrela do deserto são muito puros. Alguém
que nasce assim é considerado um homem santo e é obrigado a viver uma vida em
função dos outros, mesmo passando fome, mesmo estando doente, passando por cima
de todo e qualquer desejo mundano. Pilares conheceu essa realidade ainda muito
pequeno e nunca entendeu porque deveria deixar de lado os seus instintos que
gritavam tanto. Ele fugiu do castelo dos pais e, para sobreviver, se tornou um
ladrão. Ele sempre escondeu esses poderes secretos, uma vez que todo homem
santo que não alcança a iluminação morre ao libertar a verdadeira força...
– Tálio era realmente um
alquimista muito bom... – Ferus estava pensando em alguma coisa. – Ele
conseguiu copiar até isso com o dopelganger... – ele puxou a espada que
carregava nas costas e se preparou para o combate.
– Não podemos ferir Pilares!
– Nerítico tem razão... Um Senhor
de Castelo deve lutar pela sobrevivência do próximo e...
Ferus lançou um olhar vazio. Os
castelares não souberam identificar o que poderia ser aquilo, era apenas vazio.
– Eu não sou um Senhor de
Castelo...
– Espere!
Os Senhores de Castelo estavam
confusos. O cabelo do armeiro ficou vermelho assim que ele terminou de falar e
começou a correr em direção do ser luminoso. Em suas costas, uma tatuagem
fantasma começou a brilhar.
– Como isso é possível?
...
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