terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - O Fillho do Fim - Capítulo 41


Rubber

 

“Não há limites para a Irmandade Cósmica!” – lema altariano.

...

            – Ótimo Croaton, você conseguiu o que eu precisava! – Iksio cuspia uma gosma negra aos montes, convulsionando.
            – Iksio! – gritava Pilares batendo forte no vidro.
            Terminando de sugar todo o conteúdo negro que foi extraído do arthuano, o Ilusionista se dirigiu ao cilindro de suporte de vida com o assaltante dentro.
            – Agora é a sua vez!
            – Fique longe de mim coisa asquerosa!
            – Oh! Assim você fere os meus sentimentos... – Rubber sorriu com malicia, estava sendo sarcástico. – Não serei mais uma coisa depois que tomar o seu corpo para mim!
            O altariano tomou uma forma mais liquida e subiu pelo vidro inclinado até o topo onde havia uma fissura proposital, preenchendo todo o interior. O teslarniano berrava desesperado e silenciou.
            – Pilares... – disse o multibiólogo, completamente sem forças, perdendo a consciência em seguida.

...

            – Irmão... Como vamos sair daqui? – perguntou Elians, o mais novo.
            – Sairemos na hora certa... – respondeu Vaik, o mais velho.

...
            – Como podemos atravessar esse controlador do tempo? – perguntou Dimios.
            – Podemos direcionar a eletricidade para um foco enquanto vamos pelo outro lado – respondeu Nerítico.
            – Eu cuido disso...
            – Não! Seu corpo não vai aguentar tanta voltagem elétrica!
            – ... – seu olhar era sério e decidido. – É agora ou nunca...
            – Esqueça! Já não tenho mais armamento e a sua garra é a única arma que pode ser realmente eficiente contra os altarianos! Eu vou!
            – Cuidado!!! – gritou Westem vendo algo vindo da Cidade Baixa.
            Os Senhores de Castelo se protegeram da explosão enquanto olhavam pasmos para uma das máquinas da legião parafuso que caíra certeiramente sobre o Haarp.
            – Quem fez isso? – perguntou o ultraquímico.
            – Só tem uma pessoa para fazer isso enquanto todos nós estamos aqui... – disse Dimios com o olhar fixo naquele lugar destruído e desativado. As nuvens constantes começavam a se dissipar.
            – Ferus! – disseram Nerítico e Westem.
            – Alguém disse o meu nome?
            Os dois castelares que estavam surpresos foram ao seu encontro. O armeiro havia subido os edifícios da Cidade Alta pelo lado de fora. Chegando ao topo, os Senhores de Castelo viram ele montado no Monstro de Lixo.
            – Como você... – Westem estava pasmo com aquela criatura inorgânica que obedecia ao curanaaniano.
            – Ele não é hostil. Na verdade, ele é bem dócil.
            – Então foi assim que você fugiu? – perguntou Nerítico, inquirindo, mas cheio de animação.
            – Foi... Acho que tenho uma conexão com ele. Posso sentir seus pensamentos fluindo junto com os meus. Aliás, ele não é um animal... Posso ver claramente, quem enviou aquela mensagem à Ordem dos Senhores de Castelo foi ele, o rei do planeta sem nome!
            – Como assim? Já são mais de três mil anos que aquele rei existiu! – indagou o ultraquímico com seu ceticismo científico.
            – Eu não sei como... – Ferus descia do monstro de lixo. – Só sei que ele adquiriu uma nova forma e agora ele pode viver milhares de anos, só precisando trocar as peças velhas e gastas. Não é garotão! – o monstro, que parecia um cavalo gigante, virou o pescoço como que consentindo com as palavras do armeiro que sorria de volta.
            Dimios permanecia na mesma posição, com o cilindro de armeiro nas costas. Naquele meio tempo, Rigaht e Nina haviam desaparecido. Ferus virou-se para a borda da plataforma, pegou um pequeno aparelho e pôs na frente da boca, ampliando a sua voz.
            – A CIDADE ALTA É NOSSA!!!
            Uma quantidade incerta de pessoas, talvez um milhar ou dois, bradou em resposta. E continuou:
            – ESPEREM PELO MEU CHAMADO E IREMOS PARTIR DESTE PLANETA EM ALGUMAS HORAS! ENQUANTO ISSO, ADMIREM O CÉU ESTRELADO!
            Com o tempo finalmente livre, a brisa soprou, o vento sacudiu, tudo ficou agitado. As nuvens se dissiparam e o sol daquele sistema estava se pondo no horizonte. Em poucos minutos a neblina que cegava a visão de todos deixava despontar os pontos brilhantes no céu. Além desse respiro mágico, três luas que brilhavam tímidas em cores alaranjadas, amareladas e azuladas, respectivamente, apareciam naquela noite. A ínfima quantidade de pessoas, de seres vivos e sapientes que puderam se juntar a Ferus, a Dinha, a Toshi e a Esmal ficaram emocionados, o sonho não havia acabado, ainda havia a possibilidade de se sentir livre e feliz graças às máquinas recuperadas do lixo.
            Acabando com o pequeno discurso, o armeiro virou-se para os amigos:
            – Ahn... Vou perguntar logo de uma vez, onde está o meu cilindro?
            – Com Dimios, ele não largou dele desde que você desapareceu...
            Ferus olhou para Dimios que mantinha a posição, de costa para todos. O jovem caminhou até ele, meio temeroso e preocupado com o que poderia ser dito. Chegou ao lado do guerreiro pelo lado do braço metálico e fez menção de falar alguma coisa. Dimios levantou a Garra de Sartel se posicionando para atacar, ainda com o olhar vidrado. Correu em disparada na direção do laboratório que ficava mais próximo da estação de controle do tempo. Uma luz forte saiu de dentro do laboratório e acertou o ziniano em cheio. Tudo em poucos segundos:
            – Dimios! – gritou Ferus.
            Um ruído forte de estalos foi surgindo e aumentando, tornando-se por fim uma gargalhada ensandecida:
            – Hahahahahaha... – a luz voou pousando acima do laboratório, que ficava de frente a coluna de sustentação que se erguia para além da Cidade Alta. – Parabéns! Senhores de Castelo! Por terem chegado até aqui, por terem conseguido sobreviver aos homúnculos de Tálio, por terem sobrevivido às máquinas da Legião Parafuso... Parabéns! Vocês me deram tudo o que eu precisava para renovar o meu corpo, tudo o que eu precisava para voltar a Cidade Aérea! Mas antes, como vocês vieram diretamente a mim, vou brincar com vocês! Vocês vieram diretamente para a boca do monstro! HAHAHAHAHAHAHAH...
            – E agora? – Se perguntou Nerítico, vendo aquele ser brilhante. – Ele está com o corpo de Pilares!
            Ferus se aproximou:
            – Pilares é um homem santo de Teslar, não é?
            O ultraquímico consentiu contando a história que ajudara a esconder de todos:
– Os poderes de um teslarniano que nasce sobre o poder da grande estrela do deserto são muito puros. Alguém que nasce assim é considerado um homem santo e é obrigado a viver uma vida em função dos outros, mesmo passando fome, mesmo estando doente, passando por cima de todo e qualquer desejo mundano. Pilares conheceu essa realidade ainda muito pequeno e nunca entendeu porque deveria deixar de lado os seus instintos que gritavam tanto. Ele fugiu do castelo dos pais e, para sobreviver, se tornou um ladrão. Ele sempre escondeu esses poderes secretos, uma vez que todo homem santo que não alcança a iluminação morre ao libertar a verdadeira força...
– Tálio era realmente um alquimista muito bom... – Ferus estava pensando em alguma coisa. – Ele conseguiu copiar até isso com o dopelganger... – ele puxou a espada que carregava nas costas e se preparou para o combate.
– Não podemos ferir Pilares!
– Nerítico tem razão... Um Senhor de Castelo deve lutar pela sobrevivência do próximo e...
Ferus lançou um olhar vazio. Os castelares não souberam identificar o que poderia ser aquilo, era apenas vazio.
– Eu não sou um Senhor de Castelo...
– Espere!
Os Senhores de Castelo estavam confusos. O cabelo do armeiro ficou vermelho assim que ele terminou de falar e começou a correr em direção do ser luminoso. Em suas costas, uma tatuagem fantasma começou a brilhar.
– Como isso é possível?

...
 

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