sábado, 15 de dezembro de 2012

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanzine - O Filho do Fim - Capítulo 45


Tabuleiro Cósmico

 

            As regras para esse jogo diabólico são simples: Um jogo quatro contra quatro. Há um contador com a numeração 7776 para cada lado. A cada rodada um jogador deve rolar cinco dados vermelhos e multiplicar o resultado entre si e diminuir o contador do adversário até zero em no máximo vinte rodadas. Enquanto isso, pesadelos terríveis irão atormentar a mente daquele que jogar os dados. Há somente uma forma de ganhar o jogo sem sofrer maiores danos: com a morte súbita, onde os cinco dados dão seis em cada. Para tornar a proporção 1/7776 mais fácil de ser alcançada, é possível travar os dado que caiam no número seis entregando parte de sua alma, abrindo mão de algo muito importante de sua existência. Quanto mais dados forem travados de uma só vez, maior será o pedaço. Não há retorno, uma vez iniciada a partida o campo das portas do paraíso são travadas em um vácuo aleatório e desconhecido do multiverso. A única forma de acabar o jogo é com um lado vencedor. Em caso de empate, ambos os lados de jogadores terão suas almas arrancadas de seus corpos. O lado branco começa primeiro.

...

            – Minha vez... – a Cavaleira Bathory era a primeira a lançar os dados. – Um, dois, três, cinco e seis! – parte da gosma negra que formava o seu corpo pingou da palma da mão que pegara nos dados vermelhos. – 180 pontos.
            O numerador dos Senhores de Castelo diminuiu de 7776 para 7596.
            – Sou eu agora... – o Rei Mengele jogou os dados. Hesitou por um instante, fechando os olhos e sorrindo em seguida, ao jogá-los. – Um, um, cinco, cinco, cinco... 125 pontos.
            O numerador dos Senhores de Castelo diminuiu de 7596 para 7471. Herta olhou para Rubber com olhar soberano que o assustou um pouco.
            – Vá Rubber...
            – Sim, minha Rainha... – sua mão tremeu absurdamente e conseguiu jogar. – Dois, cinco, cinco, seis, seis... 1800 pontos.
            O numerador dos Senhores de Castelo diminuiu de 7471 para 5671. Herta levantou a cabeça um pouco. Para os que estão acostumados a sua maneira sádica de ser, significava que estava satisfeita.
            – Hun... – Herta pegou os dados, uma lágrima escura escorreu de seus lindos olhos coloridos e jogou. – Cinco, cinco, cinco, seis, seis... 4500 pontos.
            O contador dos Senhores de Castelo diminuiu de 5671 para 1171. O jogo estava apertado, se mais alguma numeração alta saísse os Senhores de Castelo perderiam o jogo e tudo estaria acabado, a Luz Cósmica estava cada vez mais perto do planeta sem nome e o consumiria. A esperança dada ao restante ínfimo da população teria sido em vão.
            Dimios, um pouco melhor da garganta, falou:
            – Não importa como, nós iremos ganhar desta vez! – Herta levantou a cabeça para trás e cerrou os olhos. – Westem, trave os dados...
            – Sim... – o bárbaro se aproximou dos dados vermelhos que estavam no chão e se sentiu meio tonto. Pegou os e, mesmo sentindo uma vontade inconcebível de vomitar as tripas pela boca. Atirou os dados... – Três, três, três, seis, seis... – dois dados com o número seis apareceram. Com a ordem para travá-los dada, os dois dados ficariam com aquela numeração e não poderiam mais ser usados pelos Senhores de Castelo. Todavia, o contador contou os números. – 972 pontos.
            O numerador dos altarianos diminuiu de 7776 para 6804. Com o término da contagem, o pesadelo de Westem começou. O homem alto, forte e musculoso sentia o seu corpo saudável se tornando raquítico, diminuto e incapaz de ficar em pé. Ele caiu no chão sentindo a idade pesar como um ser com baixa estimativa de vida. Alguns de seus ossos se quebraram.
            – Westem! – gritou Dimios, atônito com o resultado.
            – Não se preocupe com ele, nós precisamos vencer! – disse Iksio.
            – Eu não posso! Veja o que pode acontecer com você!
            – Não me importo, caro amigo. Eu estou aqui para salvar aquelas pessoas lá embaixo. Dê a ordem...
            – Iksio, trave os dados... – o guerreiro não queria olhar.
            – Que a paz esteja convosco, meu amigo... – Iksio pegou os dados restantes. Sua pele úmida se tornava seca e queimava, chegando a pegar fogo. Jogou os dados. – Cinco, cinco, seis... – um dos dados felizmente deu seis, a probabilidade ficava difícil com a quantidade menor. – 150 pontos.
            O numerador altariano diminuiu de 6804 pontos para 6654. Da mesma forma que com o bárbaro, Iksio sentia seu maior pesadelo se tornar realidade. O arthuano culto, refinado e bem educado deu lugar a uma enorme besta selvagem cheia de dentes que rosnava e sacudia os braços loucamente. Ele correu pelo espaço branco e se perdeu no espaço infinito. Apenas dois dados restavam para os Senhores de Castelo. Dimios sentia seu coração apertar.
            O assaltante se aproximou dos dados restantes:
            – Pilares, não... – o teslarniano sorriu.
            – Eu sou um homem de sorte! Eu conheci meu parceiro, vivi grandes aventuras e agora enfrento o meu dia de bravura com coragem, sendo quem eu realmente sou, e não como um homem santo de Teslar. Por favor, dê a ordem...
            – ... – Dimios engoliu a seco. – Pilares, trave o dado...
            O assaltante pegou os dois últimos dados, era como se um milhão de facas perfurasse a sua pele e rasgasse a carne procurando encontrar o resto do corpo. Sua mão sangrou pela unhas e finalmente lançou os dados.
            – Três e seis! Isso! 18 pontos... – o numerador altariano diminuiu de 6654 para 6636. – Argh!
            O coração de Pilares bateu estranho, levitou no ar e os olhos ficaram completamente brancos. Caiu no chão e ficou inerte. Para um aventureiro como ele, o pior seria nunca mais poder aproveitar a vida, perdendo completamente os cinco sentidos.
            – Vocês são bons. – concluiu Herta. – Nunca vi um Senhor de Castelo chegar tão longe no nosso próprio jogo. Como recompensa, vou dar ao manipulador um presente. – seus olhos se encheram de luminosidade e apontou o dedo para Dimios.
            – O que você quer comigo?
            – Você também tem que dar um pedaço de você para este jogo. – da ponta do dedo uma luz brilhou.
            – Aaaaahhhhh!!!
            A Garra de Sartel foi destroçada aos olhos de todos.
            – Dimios! – gritou Nerítico.
            – Eu não aguento mais... Eu não quero continuar...
            – Isso é um truque para que ela ganhe! Vamos, dê a ordem, eu juro que consigo um seis!
            – Um para seis! Como você vai conseguir? Este último dado estará repleto de ódio e maldade, você nem conseguirá tirá-lo do chão!
            – Eu sou um Senhor de Castelo, eu vou conseguir! Dimios dê a ordem!
            – ... – o guerreiro cerrava os olhos. Lembrou-se do seu filho adotivo, da época em que ainda tinha família, da época em que se tornara um pugilista. – Está certo, eu tenho que tentar. Pelo futuro, pelo futuro de todos que confiam no nosso sucesso! – o ultraquímico afirmou com a cabeça. – Nerítico, trave o dado...
            – Eu já amei e já perdi quem amei, já posso morrer em paz... – o dado parecia ácido em suas mãos que mesmo usando luvas, queimava profundamente. A borracha e os dedos se derretiam. – Pelo amor... Pela paz... Pelo futuro... – com um toco de mão restando conseguiu jogar o dado. – EU SOU UM SENHOR DE CASTELO!
            O dado voou longe, não dava para ver o resultado e esperaram para ver no contador a quantidade que daria. Os números começaram a baixar e cada um foi contando:
– Um...
– Dois...
– Três...
– Quatro...
– Cinco... – todos ficaram quietos...
– SEIS!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Morte súbita!!!!!!!!!!!!!!!!!!
– Adeus Dimios...
– Nerítico! – o ultraquímico caiu no chão, colocou a ponta dos braços na cabeça e balançou. Seu olhar estava vazio, não havia mais cálculos, indagações, nem uma simples lembrança lhe ocorrendo. Os pensamentos acabaram, sua capacidade de pensar fora roubada.
– Hun... – a face de Herta se contorceu em raiva. – Parabéns, vocês ganharam o direito de sair... Vamos levar nosso prêmio...
– Não! Elians!
– Dimios!
– Você não vai levá-lo...
– Ahn? Quem é você?
– Mais um? O jogo não pode ser invadido!
– O jogo já terminou altariana... – com um toque, o novo individuo fez com que Herta, Mengele e Bathory explodissem.
– Não! Eu não! Não vou perder o meu corpo de novo! – uma parede se ergueu entre os dois, com um rosto medonho que foi destruído no lugar de Rubber. Ele conseguiu escapar ao ser engolido pela estrutura e desapareceu, levando consigo o corpo de Vaik. A jaula escura que prendia Elians se desfez.
– Irmão! Não! Irmão, volta! Volta! Não me deixa! Me leva com você! – o pobre menino arranhava a estrutura branca em desespero.
– Acalme-se príncipe Dantir, ele não é seu irmão...
– Não! Ela é meu irmão! Meu irmão! Ele é meu irmão... – Elians desmaiou.
– Seu... Seu idiota! – mesmo com um braço bom, Dimios desferiu um soco que acertou o intruso em cheio no estômago.
– Caçadores Sombrios estão do mesmo lado que os Senhores de Castelo! – Dimios via um homem alto, com roupa escura e uma máscara lisa e dourada cobrindo todo o rosto com uma tatuagem fantasma no torso.
– Cale a boca! Eu sei que é você Cardial!
...

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