quinta-feira, 6 de junho de 2013

Crônicas dos Senhores de Castelo: Fanfiction - A Guerra Cósmica - Capítulo 01

Senhor de Castelo

 

            Pelos corredores da república dos guerrins, dois vultos perseguem outro que corria à frente deles durante as horas silenciosas do descanso:

 

            — Droga! Eu jurava que eles não conseguiriam vir atrás de mim depois que eu conseguisse controlar a flutuação!

 

            — Parado aí, Príncipe Dantir! — disse um deles.

 

            — Merda! Me encontraram! — o jovem guerrin atravessava os corredores mais rápido e leve que o vento.

 

            A perseguição acontecia num estado de flutuação, onde o flutuador toma um estado corporal parecido com o gasoso.

 

            — Me deixem em paz! Eu quero sair daqui!

 

            — Você não pode príncipe Dantir, os altarianos temem somente a ti e estão prontos para matá-lo assim que sair da ilha!

 

            — Eu não estou nem aí para eles! Eu quero ver o meu irmão!

 

            — Novamente esta história! Seus mestres já não conversaram isso com você?

 

            — Eles estão errados! — Dantir reparou em algo. — Oh! Porcaria, onde está o outro?

 

            O segundo homem apareceu a sua frente no momento de distração e bateu as palmas, liberando uma onda suave e luminosa que afetou o príncipe rebelde.

 

            — Miserável! Você vai se ver comigo! — caído no chão, ele sentia o corpo completamente dormente. — Feitiço de paralisia? Que golpe baixo!

 

            — Garoto... — ele tirou o capuz negro revelando sua pele escamosa e seus olhos amarelo-esverdeados. — Se eu fosse te caçar de verdade, eu já teria arrancado a sua pele só pra te ver sofrer com a carne completamente exposta!

 

            — Hunf... Um Caçador Sombrio! E desde quando vocês recebem trabalho de babá? — Dantir observava o triângulo negro invertido que se formava sobre o dorso da mão do reptiliano.

 

            — Você vem dando muitos problemas aos Senhores de Castelo e com a guerra pela qual o multiverso está passando, seus superiores pediram ajuda aos Caçadores para te vigiar noite e dia...

 

O segundo caçador, enquanto se aproximava, tirou o capuz, revelando uma pele úmida e tentáculos com ventosas que se agitavam para trás do topo da cabeça como se fossem cabelos amarrados.

 

            — Há quanto tempo? — perguntou Dantir.

 

            — ... — eles não responderam. Pegaram cada um em um dos braços do príncipe e o ergueram, levando-o de volta ao quarto.

 

            Os caçadores, depois de colocarem Dantir em sua cama, saíram e puseram suas mãos aos lados da porta, invocando um feitiço poderoso que impediria Dantir de sair novamente de seus aposentos.

 

            — Ei! Não vão tirar a paralisia de mim? — não houve resposta novamente. — Droga... Outra vez! Já perdi a conta de quantas vezes eu tentei e não me deixaram sair dessa ilha!

 

            — Zzzz... — o companheiro de quarto de Dantir roncava sem nem suspeitar da tentativa de fuga.

 

            — Não sei como você consegue dormir meu amigo... Se fosse a sua irmã que estivesse em perigo, será que você conseguiria dormir? Tenho dormido tão mal, acho que estou sonhando novamente com Vaik...

 

            — Zzzz...

 

— Se pelo menos você não tivesse um sono tão pesado, poderia me escutar de vez em quando... — ele parou de olhá-lo e fitou o teto, as luzes se apagaram e pequenas imagens fosforescentes que imitavam um mapa do multiverso se acenderam. — Irmão, por favor, esteja bem. Eu vou te buscar, eu prometo!

 

No criado mudo ao lado da cama, uma caixinha de música em forma de cubo começou a tocar. Sua melodia era triste e melancólica. Uma lágrima escorreu pelo rosto do príncipe e ele finalmente adormeceu.

...

 

No meio da noite, uma voz começou a cantar:

 

— Durma pequeno príncipe, não vá se preocupar. Estou aqui para os pesadelos afastar. Os belos sonhos logo já vêm, e pela manhã estará tudo bem... — a canção parou e ele começou a falar. — Durma pequeno príncipe, durma e tenha os mais belos sonhos! Pois você é o escolhido para salvar o multiverso!

 

...

 

Na manhã temporal seguinte:

 

— Acorda Kalliat!

 

— Zzzz...

 

Dantir pulou em cima do colega:

 

— Acorda dorminhoco!

 

— Ahn? O quê? Estamos sendo atacados? — Dantir se levantou e saiu de cima dele.

 

— Não, idiota! É hoje!

 

— Hoje o quê? — o amigo se levantou e pôs os pés no chão, esfregando os olhos.

 

— A formatura! Será possível que você sempre esquece?

 

— Aaaaauuu... — Kalliat bocejou. — Você tem que ser mais paciente cara, ser apressado assim ainda vai te causar problemas...

 

— Argh! Não aguento mais você! — Dantir bufou de raiva. — Fui!

 

— Carinha apresado... — e começou a se trocar.

 

...

 

Depois da cerimônia:

 

— Tem certeza que essa tatuagem fantasma condiz com você? — perguntou Kalliat.

 

— Vai começar de novo? — Dantir olhava para o amigo, meio tenso.

 

— Relaxa... — Kalliat pulou pra trás, o colega emanava uma energia estranha.

 

Dantir respirou fundo e falou:

 

— Este símbolo é importante pra mim, nada mais... E esse seu dragãozinho? Será que ele aguenta no campo de batalha... Hihihi...

 

— Os dragões de Oririn são os melhores! — Kalliat ergue os punhos no ar.

 

— Sei... Duvido eles enfrentarem manticores sentinelas de frente... Quanto mais velhos, mais poderosos eles ficam, principalmente o seu veneno...

 

— Os dragões também! Os guardiões do céu são incomparáveis!

 

Dantir sorriu com a reação do amigo:

 

— Quem está sério agora é você... Huhuhu... — o príncipe de Newho começou a rir com entusiasmo.

 

— Ora seu... — Kalliat o pegou pelo pescoço num mata leão.

 

— Hahahah... Me larga... Hahahah... Para! — Dantir não se aguentava.

 

Uma moça muito bonita viu a cena e se aproximou dos dois:

 

— Ahn? Lana?! — Kalliat estava surpreso ao ver a irmã na ilha. — Você não estava com Yaa, a mãe de todas as fadas?

 

A moça de belos cabelos negros, lisos e compridos com uma mecha branca, apesar de recaírem sobre o rosto como uma perfeita moldura, tinha olhar de poucos amigos:

 

— Você não cansa de ser tão infantil, irmãozinho?

 

— Oi, Lana? — disse Dantir, tentando ser amigável naquele posição estranha.

 

— Olha quem fala... — Kalliat largou o amigo. — Não sou eu que fica andando por aí com bonecas no braç... — involuntariamente, o jovem castelar pôs bruscamente a mão na boca.

 

Lana emanava maru brilhante com intensidade. Suas bonecas magicamente ganharam vida e desceram de suas costas.

 

— Cuidado com o que fala, maninho! Estou treinando para dominar o meu poder sobre a maru. E posso dizer com plena certeza que já posso fazer você engolir cada palavra que ia dizer.

 

— Aiai... Lana, já chega... — intercedeu Dantir.

 

— Não diga nada! Eu estava mesmo querendo saber o quanto a minha irmãzinha apreendeu durante todo esse tempo! — Kalliat também começou a liberar uma grande quantidade de maru visível a olho nu.

 

— Você é um bobo mesmo! — bufou Lana, indignada. Dantir se afastou, a situação estava começando a se complicar. — Ataquem!

 

As duas bonecas começaram a cantar, mais precisamente a emitir um som destoante que reverberava por todo o corredor. Dantir tampou os ouvidos e virou-se de costas, agachando-se. Kalliat se posicionou firmemente e abriu o peito, recebendo a investida sônica diretamente. Com suas habilidades de resistência, um escudo curvo de energia surgiu e refletiu o impulso. Ele levantou sua mão e com um movimento rápido, contra-atacou, fazendo os cabelos de Lana esvoaçarem. Em seguida, bolhas de força explodiram cegando momentaneamente a moça. Kalliat golpeou o ar, lançando a irmã para trás.

 

— Droga! — gritou o filho de Oririn, sentindo as energias sendo drenadas. — Quando foi que...

 

— Você precisa se preparar melhor... — Kalliat tinha duas bonecas presas nas pernas que o imobilizaram. — É o que mamãe sempre diz.

 

— E onde você escondeu essas outras bonecas? Ahn? — a moça se levantou, sendo auxiliada pelas bonecas.

 

— Eu não as escondi, eu as fiz...

 

— Então era isso que você anda aprontando, não é? Você viu isso Dan... — Kalliat tentou encontrar o amigo. Ele havia sumido.

 

...

 

— E agora? O que querem comigo?! — Dantir estava sendo carregado pelos Caçadores Sombrios.

 

— O daimio quer te ver... — responderam visivelmente compenetrados com o que faziam.

 

            Levaram o príncipe até uma sala secreta, atravessando a parede. Tendo terminado o serviço voltaram por onde vieram. Na sala havia uma mesa comprida e fina que se curvava em círculo para trás dos mestres da ordem, chamas dançantes crepitavam de adornos mágicos nas paredes laterais e, sentada em uma das cadeiras diante dos daimios, havia uma moça de cabelos negros e roupas de couro escuro que aparentava ter a mesma idade de Dantir. O jovem castelar sorriu: “Quem poderia ser ela?”, pensou ele. Sendo convidado para se sentar, Dantir ficou surpreso ao ver a senhorita mais de perto:

 

            — NINA! — gritou ele saltando da cadeira e tentando fugir pela parede que atravessara há pouco.

 

            — Surpreso em me ver querido? — a moça, meio sem graça, sorria forçadamente.

 

            — Eu não sou seu querido! — Dantir não conseguira fugir, o feitiço para transpor sólidos já estava cancelado.

 

            — Ora, ora! Ainda insiste nisso? Você sabe que um dia será meu, é o nosso destino...

 

            — Não diga bobagens! Eu nunca ficaria com você! — seu tom de voz era desesperado, chegando a sentir calafrios.

 

Em sua mente se passavam as cenas que deixaram Nina famosa na academia, como a vez em que derrubou Mundergrand, um Giganto, humanóide do tipo comum originário de Gigantea do primeiro quadrante (superplaneta de proporções dez vezes maiores que a maioria dos astros férteis para a vida e cuja população possui indivíduos com, em média, dez metros de altura). Ou a vez em que ela mandou um garoto para a zona sombria por ter dado um cartão de dia dos namorados para ela — o pobre rapazinho saiu de lá tomado pelo desespero.

 

            — Eu não teria tanta certeza, querido... — Nina olhou para o Daimio.

           

— Não... — o daimio assentiu positivamente. — Mas, eu quero ser parceiro do Kalliat! Entendam, por favor, nossos pais foram os melhores do primeiro quadrante e possivelmente os melhores que a academia verá em séculos! Eu tenho que ser parceiro dele!

 

— Príncipe Dantir, em virtude da Guerra Cósmica, você não pertencerá aos grupos comuns da ordem, você ficará na elite...

 

            — Não, não, não... Não! Como pode considerar que eu e ela poderíamos ficar juntos na mesma dupla, no mesmo grupo?! E Kalliat? O que ele vai pensar de mim quando souber que não o acompanharei nas linhas de frente? Ahn?! Vocês pensaram nisso? Me respondam?!

 

Um pequenino humanóide de Jigus do terceiro quadrante – planeta de proporções inversas ao de Gigantea – chamado Sêminus se apresentou, saindo de trás da bancada:

 

— Acho que posso responder a sua perguntar... — começou, com sua voz fina que mais parecia um ruído irritante. — Segundos os relatórios, vocês sãos os dois melhores espécimes que a ordem e a academia poderiam selecionar para enfrentar os altarianos. Seus poderes estão acima da média Tesla, aliás, acima da média das maiores pontuações Tesla que os multibiólogos já puderam pesquisar.

 

— Criaturinha irritante... — Dantir olhava para o homem de vinte centímetros com pleno desgosto.

 

— ...! — o jiguniano ficou com medo e voltou para o seu lugar atrás da bancada, se escondendo.

 

— Hahahah... — Nina gostou da atitude ruim do príncipe. — Você é sempre tão adorável assim, querido?

 

— Pare... De... Me... Chamar... ASSIM! — Dantir gritou de raiva.

 

— Você me excita... — Nina estava saboreando cada momento. — Adoro te ver cheio de raiva.

 

Dantir tentou respirar, evitando ser “adorável” a garota de seu desafeto, se recolhendo de lado em seu assento. Nesse instante, um mensageiro atravessou a parede e falou ao daimio:

 

— O terceiro acaba de chegar...

 

— Mande-o entrar.

 

— O quê? E o sistema de duplas? Além dessa psicopata vai ter mais um?

 

— Silêncio! — respondeu com voz poderosa. — Não serão toleradas insurgências de vossa parte, Senhor de Castelo! — acalmando-se, ponderou. — O multiverso precisa de vocês três e nada mais justo do que juntar a uma dupla de Senhores de Castelo um...

 

— Cheeeee... guei! Olá rapaziada! Estou na área! — o terceiro integrante do novo grupo da elite castelar estava muito animado. — Opa! Olá Nina, há quanto tempo! Dantir, como vai camaradinha?

 

— Não creio... — respondeu Dantir tentando se esconder na cadeira.

 

— Hun... Como vai Lacroh? Os Caçadores Sombrios não tinham acabado com você?

 

— Ah, gatinha, você sabe como é, eu arraso com eles! Mantenho o meu currículo daquele jeito e se quiser... — Nina lhe deu um tapa que fez seu rosto virar.

 

— Não termine essa frase, estúpido! Quantas vezes eu já te disse que sou apenas do meu amado Dantir?!

 

— Var... vez... — Lacroh não conseguia pronunciar direito, seu queixo estava deslocado.

 

— Você não é minha e nem eu sou seu!

 

Com um estalo, Lacroh pôs o queixo no lugar:

 

— Vocês ainda brigam desse jeito? Pensei que vocês tinham mudado quando no separamos há oito anos...

 

— Ah! Nem me lembre! — falou Nina, lembrando dos acontecimentos que ocorreram na Academia durante o treinamento de guerrins.

 

— Esqueçam aquilo, por favor... — cochichou Dantir.

 

— Ah, cara, não dá pra esquecer não... — Lacroh sorria, iluminando seus olhos de tons rosáceos que refletiam em várias cores. — A simulação estava fora de controle e tivemos de nos virar os três juntos para tirar todos os guerrins daquela confusão infernal...

 

— Suas habilidades de prever o futuro ajudaram muito... — completou Nina.

 

— Concordo... — disse Dantir.

 

— Heheh... — Lacroh esfregou a cabeça. — Vocês são incríveis, a força de Nina e a determinação de Dantir nos tiraram daquele sufoco...

 

— Acho que sim...

 

O daimio retomou a palavra:

 

— Espero que tenham chegado a um acordo, a Ordem precisa de vocês para vencermos esta guerra.

 

— Se você falou, está falado! — disse Lacroh, erguendo o braço acima da cabeça.

 

— Não há outro lugar que eu queira estar que não seja ao lado do meu querido! — o sorriso de Nina denotava certa maldade.

 

— E você príncipe Dantir?

 

Ele se levantou e se dirigiu novamente à parede, respondendo de costas:

 

— Preciso conversar com Kalliat... — respirou fundo e atravessou.

 

...

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